domingo, março 25, 2007

O divino retorno dos Mutantes


O retorno dos Mutantes após 30 anos foi, como era de se esperar de um grupo que se separou de maneira tão traumática, cheio de polêmicas. Zélia Duncan no lugar de Rita Lee, muitos músicos de apóio, a condição musical de Arnaldo Baptista. E os principais protagonistas da história tornaram quase impossível não tomar partido. Farpas foram trocadas em links no Fantástico. Rita pegou pesado logo de cara e disse que os seus ex-companheiros eram um bando de velhinhos querendo dinheiro para pagar o geriatra. Sérgio Dias foi mais fairplay: disse que David Bowie queria subir ao palco com eles e se isso realmente acontecesse era ela quem iria pedir para voltar. Rita disse que os Mutantes jamais conseguiriam ser como antes, Sérgio que ninguém mais consegue tocar aquelas músicas além deles. Agora que a poeira abaixou, a banda está em turnê pelo Brasil e existe a possibilidade de Brasília ter duas(!!!) datas me faz voltar a questão: os Mutantes conseguiram voltar sem macular a lenda?

Bem, Rita Lee, como se era de se esperar, recusou o convite dos velhos companheiros. Ela já tem grana pro geriatra e até sobra um troco pra ir pra clínica de reabilitação. Já Zélia Duncan passou e ainda passa alguns mau bocados por não cantar como a Rita Lee dos anos 60, o que cá entre nós, nem a Rita dos 2000 consegue. A escolha do grupo para a parte feminina foi estranha, mas Sérgio Dias não é idiota: escolher alguém que lembrasse ou imitasse Rita poderia acabar com a empreitada logo de cara. As partes em que Zélia realmente não tem condições de fazer são feitas por uma backing vocal que, diga-se de passagem, lembra a Rita até visualmente. E apesar de ser difícil não estranhar as músicas em que Zélia canta sozinha quando a sua voz grave é colocada nos arranjos vocais tem-se um peso que não havia antes.

Outra grande incógnita deste retorno foi Arnaldo Baptista, o gênio criativo dos Mutantes, que foi dado como musicalmente acabado antes mesmo de subir ao palco. Aparentemente poucas pessoas ouviram seu último registro solo, Let it Bed, de 2004. Sim, não dá pra negar que os anos foram muito cruéis com ele. O que se vê no palco do Barbican Theatre é um Arnaldo tímido, quase retraído. Uma imagem meio estilhaçada do que ele já foi. No começo chega a ser triste: a sua voz fraqueja, suas linhas de teclado são as mais simples, porém, da metade do show pra frente ele começa a se soltar, e aí é possível ver de relance aquele brilho nos olhos que só os gênios possuem. Sequelado, é verdade, mas ainda Arnaldo Baptista. Como já foi dito muitas vezes antes: impossível não comparar com Brian Wilson.

Se Arnaldo ainda é uma incógnita como a força criativa que já foi um dia, seu irmão Sérgio se superou. Ele não apenas voltou para tomar de volta o posto de melhor guitarrista do Brasil como ainda conseguiu de mostrar ainda mais versátil vocalmente do que na década de 60. Sérgio agora tem total controle de todos os detalhes de cada música, é possível o ver regendo a banda durante todo o show. Carismático, seguro e certo de que agora o mundo vai dar o devido respeito a uma de suas melhores bandas.

Todo mundo gostaria de ver o grupo original junto, mas o show atual ainda é melhor do que quase tudo que existe atualmente na música. E olha que eu não estou falando só do Brasil. É compreensível a mágoa de Rita Lee com este retorno: mesmo sendo por sua vontade, uma das maiores bandas do mundo está de volta e ela não faz mais parte dela...

quinta-feira, março 08, 2007

Só pra testar, e não ficar frustrado de novo, por ser convidado pra um blog que não funciona... enfim. Já já eu escrevo aqui.

sábado, março 03, 2007

Bem, comecemos os trabalhos...